segunda-feira, 25 de maio de 2009

Depois da hora

- Esperem por mim! Esperem… - Gritava o Bruno. O Bruno estava sempre atrasado; tinha sido assim desde o início e já todos sabiam. Na verdade já todos estavam habituados. 

O Bruno chegava depois da hora de entrada na escola, chegava atrasado ao almoço, chegava tarde às brincadeiras. Os amigos ainda tentavam ajudar o Bruno: combinavam às cinco da tarde e diziam-lhe às quatro, combinavam às cinco da tarde e chegavam às seis, mas nada dava resultado. Tinham sempre que esperar pelo Bruno.

É claro que o Bruno também perdia muito por chegar atrasado. No futebol, já todos tinham sido escolhidos e ele ficava com o último lugar (aquele que ninguém queria), nas festas já todos tinham comido os seus doces preferidos (e ele nem os chegava a provar) …

Ora o Bruno também não estava contente com a situação; afinal, ele ficava sempre com aquilo que os outros não queriam. 

Ninguém estava contente com a situação. Mas o Bruno também não a sabia resolver.

Um dia, na biblioteca, o Bruno viu um livro que tinha na capa um desenho de uma menina, um grande relógio e um coelho a correr. Ficou curioso e quando abriu o livro viu que o coelho se queixava muito de chegar sempre atrasado e corria muito para chegar a horas, mas por mais que corresse, nunca chegava à hora combinada.

Quer dizer, a história não era sobre o coelho, era sobre a menina e a grande aventura que viveu quando conheceu o coelho; mas o Bruno levou o livro para casa e ficou a ler a tarde toda. Estava tão distraído que nem ouviu a mãe a chamá-lo para jantar. E quando foi para a mesa, levou o livro com ele.

Os pais, curiosos para saberem o que estava a distrair o Bruno de tal modo que ele não queria deixar o livro pousado para poder comer, perguntaram-lhe o que se passava. E o Bruno contou; estava triste por ser sempre o último a chegar. 

“Bem, então vamos resolver isso”, responderam os pais. Compraram-lhe um relógio que tinha um alarme e tocava sempre que fossem horas importantes: horas de ir para a escola, horas de ir brincar, horas de ir almoçar, … O relógio tocava e o Bruno já sabia o que tinha que fazer. 

A partir desse dia, o Bruno era sempre o primeiro a chegar.

Bem, por vezes era o segundo ou o terceiro, mas já não era o último e ninguém tinha de esperar por ele.

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